Determinantes de Lucratividade em Fazendas Leiteiras de MG
RESUMO GERAL

Definir metas de eficiência em rebanhos leiteiros com base em índices de desempenho é de implantação e uso mais simples que o monitoramento direto de indicadores de lucratividade. Este estudo foi realizado com o objetivo de identificar quais índices de desempenho seriam os principais determinantes da lucratividade em 159 fazendas de leite monitoradas pelo Projeto Educampo, na região Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba de Minas Gerais, de agosto de 2007 a julho de 2008. No primeiro artigo foram descritos indicadores de desempenho zootécnico e econômico das fazendas. No segundo artigo tentou-se elucidar que índices foram os principais determinantes da diferença de lucratividade entre rebanhos. A lucratividade foi medida por meio de três indicadores: renda líquida anual (RL), renda líquida anual dividida pelo valor dos bens (TRB) e renda líquida dividida pela renda bruta (ML).

Os dados foram obtidos, mensalmente, por 18 consultores. A idade dos proprietários foi 5111 anos (médiadesvio padrão) e o número de trabalhadores contratados foi 2,62. A produção diária de leite das fazendas foi 770697 L, 10975 hectares foram utilizados pela atividade leiteira e a produção anual de leite por hectare foi 3.3332.720 L. Tamanho de rebanho foi 8154 vacas em lactação. Do total de vacas adultas 268% não eram lactantes. O número de vacas em lactação por hectare foi 0,700,44. A produção anual de leite por vaca adulta foi 3.3831.269 L. A produção de leite por hectare foi mais correlacionada à taxa de lotação animal que à produção por vaca. Animais jovens representaram 518% dos rebanhos. A produção anual de leite por unidade de mão-de-obra contratada foi de 103.34244.616 L. Todas as fazendas utilizavam alimentos concentrados. O custo de concentrados representou cerca de 30% e o de mão-de-obra, 10% do custo de produção. O preço do leite foi o item com menor variabilidade entre fazendas. O fluxo de renda para as fazendas foi 859% oriundo da venda de leite.

O valor da terra foi 5616% do valor dos bens. A correlação entre o custo de produção calculado considerando os juros sobre o valor dos bens e o custo calculado sem o valor dos juros foi de 0,98. Em cada estimativa de custos, 25% e 15% das fazendas apresentaram resíduo negativo, respectivamente, mas a RL foi, em média, positiva. Os valores dos indicadores de lucratividade, quando se consideraram ou não os juros sobre o valor dos bens, foram: RL R$ 55.350,00 e R$ 32.841,00, TRB 7,7% e 4,7%, e ML 17,7% e 8,7%, respectivamente. Mesmo com um desempenho superior às médias brasileira e mineira, as fazendas estudadas apresentaram valores modestos para indicadores de desempenho, sugerindo que existe oportunidade para ganho em eficiências zootécnica e, provavelmente, econômica.

A comparação estatística entre as 40 fazendas com lucratividade negativa e as 119 positivas mostrou que as fazendas com RL positiva produziram mais leite por mão-de-obra e por vaca, tinham maior  proporção do rebanho como vacas em lactação e, proporcionalmente ao custo de produção, tiveram uma maior despesa com concentrados e menor despesa com mão-de-obra contratada. A relação entre o custo com mão-de-obra contratada e o custo com concentrados foi mais baixa no grupo de fazendas com RL positiva. Tamanho de fazenda, idade do proprietário, taxa de lotação animal e produção por área não diferiram entre as fazendas com RL positiva ou negativa (P>0,14). A Análise de Componentes Principais apontou que os indicadores mais importantes para explicar a variação na lucratividade entre as fazendas foram: relação entre o custo de mão-de-obra e o custo de concentrados, custo de mão-de-obra contratada por unidade de leite, produção de leite por unidade de mão-de-obra contratada, produção de leite por vaca e proporção de vacas lactantes no rebanho.

Maior lucratividade foi associada ao uso mais eficiente da mão-de-obra, aparentemente o resultado de maiores investimento em concentrados e produção por vaca. Rebanhos com maior proporção de animais em lactação também foram mais eficientes. A produtividade da terra, medida em animais ou renda por área, não foi primordialmente determinante da lucratividade nesta amostra de fazendas. Houve correlação linear positiva entre a TRB e a produção anual de leite por vaca, apesar de o coeficiente de determinação da regressão ter sido de apenas 0,15. A obtenção de ganho em produção por vaca pode ser uma meta plausível para direcionar o alcance de ganho em lucratividade.

Palavras-chave: Pecuária de leite. Rentabilidade. Custos de produção. Renda líquida. Projeto Educampo.
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